sexta-feira, 9 de abril de 2010

Amor moderno ...

Uma amiga, esta semana, me procurou contando um episódio de sua vida pessoal que, além de me deixar bastante intrigada, me levou a fazer uma reflexão. Seu “ficante”, num dos intervalos de afastamento desse tipo de relacionamento moderno, teria conhecido uma pessoa casada na academia de ginástica – “viver a vida” saindo da telinha para a vida real – e disse que, apesar de estar confuso sobre seus sentimentos e sobre o que sentia pelas duas, pensava em manter, também, com essa pessoa um relacionamento. Marina (nome fictício) tentou alertá-lo de que ele podia não ser o primeiro e que ela dificilmente deixaria o abastado marido para ficar com ele. Para Sérgio (nome fictício), porém, pareceram suspeitos seus alertas, mantendo-se firme em seu propósito. Minha amiga ficou surpresa e sem entender, sobretudo porque no dia anterior ele tinha praticamente trocado com ela juras de amor, cantando “como era grande seu amor por ...” ela, além de lhe recitar versos de um “amor perfeito”, até então, sem saber que ele fazia o mesmo com Verônica (nome fictício).

Esse fato me levou a pensar até que ponto valores e princípios morais prevalecem diante de uma carência afetiva feminina, por exemplo, ou durante fases ruins de um casamento. Fiquei lembrando da época da minha mãe, o quanto eram firmes as convicções das mulheres que, mesmo quando traídas e humilhadas por seus maridos, mesmo quando se sentiam sós e abandonadas, se mantinham leais e fiéis até o final do relacionamento. Algumas até abdicavam de sua vida afetiva e sexual para cuidar dos filhos; outras chegavam a curtir um período de “viuvez” ou esperam se desvencilhar por completo do casamento, para poder pensar num novo relacionamento.

Mas o amor, a paixão e o desejo aparecem quando e de onde menos se espera. A época da Amélia acabou e as mulheres evoluíram em busca de direitos, liberdades e oportunidades iguais desde o surgimento da pílula. Mas, apesar disso, ainda assistimos casamentos de conveniência, de aparência ou se arrastando, já desgastados pelo tempo e mágoas.

Resta saber se estamos preparados para conviver e encarar tanta modernidade!

*Esse texto foi publicado na coluna semanal do Jornal A Crítica, em 09/04/2010.

2 comentários:

  1. Há uma grande hipocrisia na sociedade, que rejeita todo o passado conservador e adota o rótulo de "ficante".
    Todo mundo sonha em ter alguém na vida para compartilhar a intimidade, as descobertas, os sonhos. Isto é mais que um querer, esta impresso em nosso DNA, faz parte de nossa sobrevivencia.
    O estilo de vida monogamico e familiar, permitiu que a sociedade desenvolvesse em células(famílias) e todo progresso que tivemos foi a partir desse modelo.
    A desconstrução súbita do mesmo em detrimento de uma "Nova Ordem Emocional", já tem seus efeitos espalhados pelo mundo todo.
    A maioria desagradáveis, mas tudo temo seu preço, não é mesmo.
    Caimos em um grande vazio existencial, que demonstra que é preciso amar a si mesmo e conhecer-se profundamente para então poder amar
    aos outros.

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  2. Vc é sempre ótima.. incrível como as histórias se repetem, mudam-se os personagens, muda-se o cenário, mas o que não muda é a necessidade incontida do ser humano de querer a companhia de outro ser humano para ser completamente feliz. Me fez lembrar de um livro que eu li.. que dizia que se não podemos ser felizes por inteiro sozinhos, dificilmente poderemos ser acompanhados.

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