domingo, 8 de novembro de 2009

Assédio Moral - 25/04/2008

Muitas pessoas são vítimas de assédio moral no dia-a-dia e nem se dão conta disso. Assédio moral é “todo comportamento abusivo (gesto, palavra, atitude) que ameaça, por sua repetição, a integridade física ou psíquica de uma pessoa”. São microagressões, de pouca gravidade se analisadas isoladamente, mas que por serem sistemáticas, tornam-se destrutivas, podendo gerar até danos morais. Os agressores podem ser os próprios pais, maridos, professores, patrões.

Tema de trabalhos científicos na área de psicologia social, a “violência perversa do cotidiano” causa dor, tristeza, sofrimento e depressão. Ocorre quando o agressor humilha diariamente, ofendendo, menosprezando, inferiorizando, submetendo e oprimindo sua vítima, constrangendo-a, ultrajando-a, envergonhando-a, traindo-a, fazendo-a sentir-se inútil, magoada, revoltada, indignada e com raiva. O ódio do agressor do assédio moral se diferencia do ódio passageiro pela perversidade com que ele manipula e o prazer que sente com essa prática, sem arrependimentos, num ritual de destruição e auto-satisfação. Quanto mais destruída a vítima, mais prazer o agressor tem em assediar. Questionado sobre seu comportamento perverso o agressor de imediato assume sua condição normal, transformando-se em falsa vítima. A vítima é a única pessoa que se depara com a dupla personalidade do agressor. Existem fortes indícios de que a relação entre a madrasta e a menina Isabela, morta recentemente, tinha essas características.

As estratégias do agressor são várias – seja o assédio no trabalho, na escola ou doméstico - identificadas nas atitudes de recusar comunicação direta, desqualificar, desacreditar a vítima, isolar, agregar tarefas inúteis, induzí-la a erro, reduzindo-a à posição de impotência e fazendo-a se render aos objetivos dos seus ataques. Já a vítima resiste à autoridade do agressor, apesar das pressões, o que a torna um alvo. O assédio torna-se possível porque precedido de uma desvalorização da vítima pelo agressor, muitas vezes corroborada pelo respectivo grupo ou família. Esse círculo vicioso às vezes é alimentado até pela própria vítima que, convencida por seu agressor de seu desvalor, acha que merece aquele tratamento cruel.

Os danos da humilhação e da violência sutil comprometem a identidade, a dignidade e a saúde e seus sintomas mais comuns são a depressão, a palpitação, tremores, hipertensão, distúrbios digestivos e do sono, dores generalizadas, diminuição da libido, pensamentos e tentativas de suicídio, podendo levar até à morte.

Coluna do Jornal A Crítica de 25/04/2008

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