“Complexo materno”, na psicologia junguiana, significa que, se houve problemas no relacionamento com a mãe no passado, mesmo que eles tenham desaparecido, permanece uma reprodução da mãe na psique, que age, reage e fala igual à infância. E ainda que a mulher tenha evoluído sobre o papel das mães, a “mãe interior” flui com os mesmos valores e idéias. Quantas vezes nos pegamos repetindo com nossos filhos exatamente o que nossas mães faziam ? Essa “mãe interior”, às vezes, precisa de uns ajustes e isso somente pode ser corrigido se for identificada a natureza do seu complexo materno.
Algumas mães, para não destoarem dos paradigmas da sociedade, mesmo se sentindo divididas, se curvam a anseios e padrões sociais ao invés de se colocarem a favor de seu próprio filho e acabam tentando “moldá-lo” para que este aja de modo conveniente e não se torne um filho excluído. Todavia quando a mãe não suporta mais a perseguição ao filho “diferente”, em geral ela cai num estado de prostração, com três estágios emocionais: o de confusão, o de agitação (quando não vê solidariedade) e o de abismo (reencenação de antigas feridas). Essas que cedem com muita facilidade são mães ambivalentes. Mães heroínas que enfrentam, defendendo o que acreditam, não são tão comuns.
Por outro lado, resta comprovado que a mãe precisa ter recebido atenção materna para dar atenção à sua própria cria. E quando ela desiste, perdeu o sentido de si mesma e, por ser perversamente narcisista, se sente no direito de ser criança também. Por isso é que a espécie mais comum de mãe frágil é a de mãe sem mãe. As mães psiquicamente muito jovens ou muito ingênuas (mãe-criança) acabam rejeitando seus filhos. Ela se sente tão deslocada que não se considera, sequer, ser merecedora do amor de seu filho.
A solução para ser uma boa mãe: buscar cuidados para nossa mãe interna. Um deles, além da terapia, seria o relacionamento com outras mulheres, as “muitas mães”, sejam da família ou almas gêmeas.
Coluna do Jornal A Crítica de 09/05/2008
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